Lauro Hagemann nasceu em Santa Cruz do Sul no dia 23 de julho de 1930. Faleceu em 12/05/2015 em Pôrto Alegre/RS. Descendente de alemães, a trajetória de Hagemann está marcada pelo radiojornalismo e pela política. Em muitos momentos de sua vida, as duas áreas se integraram, revelando uma personalidade forte e determinada ao assumir posicionamentos políticos em uma profissão que cobra imparcialidade.
O início da carreira desse santacruzense começou em 1946 em sua cidade de origem. Depois de se aventurar com os colegas de escola no alto-falante da cidade, Hagemann foi convidado a trabalhar na recém inaugurada
Rádio Santa Cruz. Esse veículo foi o primeiro a integrar as emissoras reunidas que o Sr. Arnaldo Balvé e sua turma de associados constituiu no interior do Estado. Antes disso, o rádio do Rio Grande do Sul se fazia presente apenas na metade Sul.
Em 1950, Hagemann veio para Porto Alegre, com o objetivo de fazer o curso de Direito. A primeira coisa que fez ao chegar foi procurar um emprego em rádio, já que era a única coisa que sabia fazer. No dia 28 de fevereiro de 1950 fez um teste na Rádio Gaúcha para locução comercial, mas foi reprovado. Nesse mesmo dia, o diretor da Rádio Progresso de Novo Hamburgo o convidou para compor a emissora, onde permaneceu por três meses.
Quando saiu o concurso para Repórter Esso da Rádio Farroupilha, Hagemann se inscreveu, mas não achava que se tornaria o principal locutor. Para o radialista, a emissora colocaria algum de seus locutores, mas, ao menos, poderia ser aproveitado em alguma vaga para locução comercial. Para sua surpresa, no dia 1.º de junho de 1950, Lauro saia de uma rádio do interior para estrear como Repórter Esso. Foi locutor exclusivo da edição gaúcha do Repórter Esso, de 1950 até 31 de dezembro de 64, quando acabou o programa. Não fez a última edição porque estava em Santa Cruz naquele dia.
O Repórter Esso foi transmitido por 60 emissoras de diversos países, entre os quais o Brasil.
Lauro narra dois fatos que marcaram a história, de 1950 a 1964, durante o período em que permaneceu como Repórter Esso.
Primeiro, o suicídio de Getúlio Vargas que foi um dos motivos do incêndio da Rádio Farroupilha, em 1954.
O outro acontecimento, a Cadeia da Legalidade, formada em 1961. Na época, a Rádio Guaíba cedeu equipamentos para a utilização na campanha que lutava pela posse de Jango na presidência. Os manifestos e as notícias eram transmitidos do porão do Palácio Piratini por funcionários e jornalistas do governo. Hagemann resolveu utilizar seu prestígio em nome da causa.
No dia 27 de agosto, ele se apresentou no Palácio, dando início à Cadeia da Legalidade. A partir daí, colegas de outras emissoras que estavam sem trabalhar, afinal todas as rádios permaneceram fora do ar, se integraram ao movimento.
A Legalidade fez com que os profissionais percebessem a necessidade d
a categoria se manter unida.
Observando a mobilização da sociedade, obtida pela Cadeia da Legalidade,
O trabalho desenvolvido por Hagemann no sindicato o fez se candidatar a vereador, pela Aliança Republicana Socialista, na eleição de 1963.
Atuou na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, de 1964 a 1967 e de 1983 a 1996.
Comunista à moda antiga, como ele próprio se define, Lauro Hagemann foi deputado estadual em 1968 e 1969 pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), até ser cassado pelo regime militar no dia 13 de março.
No mesmo ano, o jornalista voltou ao radiojornalismo através da
Rádio Guaíba. Além da antiga Rádio Farroupilha e da Guaíba, trabalhou também na Rádio Pampa e na Rádio da Universidade.
Hagemann destaca o trabalho desenvolvido na
Rádio da Universidade, na qual ingressou em 1957. Nesse período foi criado o Departamento de Jornalismo, que exigia o diploma universitário para conceder o registro profissional.
Rádio Farroupilha (anos 50) e Homenagem no Sindicato
ÁUDIOS
(1) Repórter Esso 1957